O projeto de educação ambiental “Abrace um sapo” nasceu com o objetivo de desmistificar o preconceito negativo que os anfíbios sofrem, que é passado de geração pra geração. Organizado pela empresa Biotropica, o projeto é voltado para as escolas da rede pública, onde serão ministradas palestras com foco na conservação das matas de Poços e da fauna de anfíbios.
O biólogo da Biotropica, Renato Gaiga, idealizador do projeto, explica a importância de divulgar que muitas espécies só existem aqui na nossa região e estão ameaçadas. “Nossa intenção é falar sobre o desequilíbrio ecológico causado com a extinção deste grupo de vertebrados e mostrar a importância deles para outras áreas como medicina, por exemplo. Os anfíbios, incluindo sapos, rãs e pererecas, sempre foram perseguidos pelos homens e isso é desde sempre. Quando a criança nasce ela não sabe o que pode pegar ou não, então, ela está no quintal brincando vê o sapo e já vem um familiar reprimir e dizer que faz mal, contando um monte de histórias, que eles também aprenderam quando crianças e são histórias falsas. São interpretações erradas do comportamento do bicho, muitas vezes pautadas no aspecto dele. Por exemplo, se o bicho tem verruga na pele, as pessoas acham que pegando o bicho também vão criar verrugas. O fato dele urinar antes de fugir também assusta, mas isso ocorre porque a urina deixa eles mais escorregadios e é uma reação de medo. Realmente alguns sapos possuem veneno, mas apenas uma espécie de sapo da Amazônia tem a capacidade de esguichar esse veneno e não é um veneno poderoso e sim para deixar um gosto amargo”, explica Renato, que conta que aqui em Poços estamos no domínio da mata atlântica, que é o bioma brasileiro mais ameaçado e o terceiro bioma mais ameaçado no planeta.
“Aqui tem muitos sapos que só existem no bioma. Particularmente em Poços, existem sapos que foram descobertos aqui, que foram vistos pela primeira vez por cientistas em Poços e alguns deles ainda são registrados apenas para Poços de Caldas. Então, a cidade além de ter sido um berço para a descoberta de algumas espécies, algumas delas são conhecidas apenas na região e estão ameaçadas de extinção duplamente, por estarem na mata atlântica e por terem apenas uma casa dentro da mata atlântica. Os sapos, em geral, são os vertebrados que mais correm perigo de extinção no planeta. Em todo o mundo, a população de anfíbios vem caindo absurdamente. Todas as mudanças climáticas e as alterações humanas estão causando um declínio populacional dos anfíbios e o Brasil é o país líder mundial em espécie de anfíbios”, contextualiza o biólogo, que lembra a importância de tentarmos conservar o que sobrou.
“Queremos levar para a rede pública um pouco da noção do que são os anfíbios, da importância dos anfíbios para os ecossistemas, da particularidade de nossa cidade, porque muitas pessoas que moram aqui não sabem que Poços tem esses bichos ameaçados e raros. A gente quer quebrar essa tradição ruim de falar mal do sapo para os jovens, que nascem e já escutam que sapos são monstros. Está errado. Os anfíbios prestam serviços ambientais importantíssimos, eles servem de controladores de pragas, eles servem de alimentos para predadores que também controlam a população de outros bichos, eles servem de bioindicadores de qualidade ambiental… Os anfíbios estão no mundo há 350 milhões de anos, interagindo com o meio e em equilíbrio com a natureza”, ressalta Renato, que quer mostrar a beleza desses animais para os jovens.
“Através de fotos eu quero mostrar que existem detalhes para se apreciar nos bichos, que eles possuem suas belezas, possuem uma diversidade de cores, formas e tamanhos. Por isso eu vou usar a fotografia, já que há detalhes que ao olho nu passam imperceptíveis. A Biotrópica tem essa pegada social. Somos uma empresa de estudos ambientais voltados para licenciamento e para regularização de obras e empreendimentos, mas a gente sente a vontade de dar um retorno social e educacional para a sociedade. Não adianta ir lá e analisar o impacto ambiental de uma rodovia, de uma hidroelétrica, tem que dar um retorno para a sociedade e fazer um papel de educador. Por isso, estamos colocando esse projeto em prática, que é um projeto de educação ambiental, voltado para a conservação do meio ambiente e da fauna”, finaliza o biólogo.
Fonte: Jornal de Poços
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